terça-feira, 29 de julho de 2008

Parceria

Um guardião cego fala a um soldado desconhecido.
Juntos conversam e escutam música, que flui como uma cheia do Nilo, e arde, como que em chamas.
Viajam juntos naquela sensação arrepiante que a pele com frio sente ao ser tocada pelo calor do fogo, aquele limiar gostoso, como o que antecede o orgasmo, no limite.
Uma vontade tão grande de não sabe-se o quê, mas que os faria cometer canibalismo...me dê sua patente em troca dos meus olhos.
Juntos, saboreiam com muito pecado e nenhuma culpa, mas com uma completa ignorância acerca do mesmo...tudo é paladar, desejo e desejo de saciar. Experimentar uma vez é jamais se livrar do vício.
Toque sua pele, como uma auto-masturbação, insista..inspire, aspire, inspire-se. Cada poro, cada pele, cada cheiro que dele exala. Inpire-se.
olhe para o mesmo céu de todos os dias e descubra novas cores. Olhe para o mesmo sol de todo amanhecer e descubra novos espectros. Olhe para a mesma pessoa amada de todas a noites e descubra novos segredos.

- Ao guardião cego, o que temos a revelar?
- O que eu tenho a te revelar...sua identidade? Ou só o que seus olhos não podem enxergar.
- Mas guia, aquele que tem olhos.
- Olhos não falam quem és.

Conhecer a sí mesmo, uma dádiva.
Enganar a sí próprio, uma arte.

Gênios e enganadores...sentem-se.

Ainda temos mais dois lugares à mesa.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sobre você

Esse não é um texto de amor

é um texto sobre o amor.

Seus ciclos e picos,

surtos e peripécias.


Sobre como ele inicia e termina

esquenta e acalenta

ceifa os sentidos e entorpece

arde e adocica.


Esse não é um texto de amor,

é um texto sbre o amor.

sobre o olho bom e o olho mau

que nos faz padecer em mentiras.


Sobre sentidos e sentimentos

razão e mágoas, ou sentimentos e mentiras

Coração biológico e coração simbólico

Palavras e olhares.


Esse não é um texto de amor,

é um texto sobre o amor.

como ele nos faz egoístas e vazios

sobre como ele nos faz apenas preencher nosso vazio.


Sobre como ele quebra nossas parcerias,

nos faz sentir vazios a sua ausência.

sobre como ele rasga nossos sonhos e sorrisos

sobre como ele torna o nosso coração pedra.