quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Humus

Plantada no chão como uma semente.
Um corpo apodrecendo no alaúde.

Só um coração vivo apalpado por sangue seco.
Unhas no caixão, areia nos olhos, formigas na boca.

E um mundo inteiro para apenas sonhar, e nunca mais tocar.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Circus

A vida é uma palhaçada.
A piada mor do Senhor Nosso Deus e Nosso Pai.
A vida é uma representação.
O ápice de uma comédia trágica e romântica,
onde intocadas virgens viram assassinas passivas de jovens poetas tuberculosos.
A vida é uma tuberculose.
Uma doença venérea, propagada como vírus em um coito consumado.
A vida é um jogo.
O fruto da maior aposta terminada em tragédia e carne podre.
A vida é podre.
A maior representação da mentira e da ordem caótica do universo.
A vida é caos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Adormecer.

adormecer
sempre um desafio
ao teu lado
sempre uma necessidade
de um abraço
sempre um motivo
de um beijo
sempre uma vontade
de tua voz
sempre tranquilidade
de teu coração
sempre palpitação
de teu calor
sempre a sensação
de teu desejo
sempre uma motivação
despertar
sempre um desafio.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Despertar.

A vida anda de mãos dadas com a morte, com as frases clichês e com a prepotência dos seus transeuntes. Existe mal algum em querer se sentir protegido? Ou essa é a face do tão somente puro e simples egoísmo latente em cada ser?
Costas quentes que levam meus pensamentos para passear são as minhas favoritas. Acordar com os olhos ardendo por culpa do sol é só mais um capítulo, o ínicio dele. Seu sorriso com o rosto colado no travesseiro, também.
É sempre uma delícia começar um livro.

ps: post relâmpago, devaneio mais ainda.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Omega

Chega uma hora que as asas se partem. A tentativa do voo é mais uma vez interrompida, e a ferida mais uma vez aberta.
Ficamos a procura do fogo transformador das almas, mas a alma já perdeu a capacidade de combustão. E tudo o que sobra são lágrimas, água, o elemento oposto.
E o todo se resume a um começo e um fim, e a um ciclo interminável. E a consciência do erro, de que tudo podia não dar certo, é quase um castigo. Porém necessário.
Duas feridas juntas não podem se curar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Esconderijo




Vai anjo, sai desse lugar.
Tuas asas não são mais seguras.

Enfrenta o mundo lá fora,
Tenta um dia não chorar mais.

Sente o sangue voltar a teus pés,
E a pele do teu rosto formigar.

Solte gritos e chame seu
demônio de volta às sombras.

Aquele que você cansou de esperar.
Sentar, doer. Chorar e esperar.

Palpitar, sangrar e formigar.
Por teu demônio, anjo.

E tua sombra, amor.
E tudo o que éramos nós dois, meu senhor.

Me faça sangrar, me faça cair.
Só não me faça mais esperar.

Não quero mais esse,
e também nenhum outro lugar.

Nada longe de tí, nem perto demais.
Apenas outro esconderijo, ou qualquer outro lugar.