terça-feira, 23 de julho de 2013

Animus necandi

Põe as mãos nas memórias e chora, e se pergunte entre os soluços por que a vida teima em bater e machucar.
E os olhos que de tão marejados não enxergam mais futuro, pois planos são voláteis, e a esperança é sorrir e falsear.
A cura vira uma busca calcificada em pedras paleolíticas, castigadas pelo tempo e pelos golpes de picaretas.
E o vazio volta, ele sempre volta, e toma conta de tudo.
E as ferramentas são guardadas para voltar a enferrujar o castigado metal, e a madeira começar a apodrecer.
Dor injusta e trapaceira, por que seu sabor é mais doce que o da paz?

Amor vincit omnia

Coração ferido, marcado, retalhado, bruto.
Desses que tem a sina de sofrer
Que não se aguenta dentro do próprio peito
E sangra, queima, perdido sem saber.

Que toma posse da alma e da razão
Se segura a duras penas nas veias
Pesa nos sonhos, ganha asas e as perde
Que todos os dias conhece o rir e o chorar

Não sabe nadar em lágrimas pois são tantas,
E tenta em vão subir e respirar
Fica a espera de um afago, um beijo
Um carinho e um colo morno.

E assim como a dor faz, me abrace.
Abrace meu coração como a solidão,
que se perde em rima rica, e não larga mais.
Que quer ser só sempre acanhado, vivendo nesse eterno caos bipolar.

Que fecha os olhos para sentir e ouvir o vento, em busca de suas mãos fortes.
Coração que gela e esquenta, estagna a água até apodrecer e estragar.
incendeia o que vê ao redor, inflama, ilumina...
Até uma hora cansar de arder.

Amarga e adoça, as vezes azeda, mas sem culpa, sem maldade.
Vamos ser francos, coração: já não está na hora de parar de bater?