segunda-feira, 11 de abril de 2011

Doug

Existem correntes espirituais que afirmam que os animais são espíritos em evolução, que um dia serão humanos....por isso eles nos observam tanto, para aprender, acolher, amar, odiar, defender.

Se isso for verdade, eu sei que um bom espírito um dia irá reencarnar na Terra, leal e companheiro, amigo e carinhoso. Talvez um excelente pai, filho, marido, irmão....ou alguém que irá acolher corações tristes, como ele sempre fazia com o meu.

Obrigada Doug, por todos esses 13 anos de companhia, amor, lealdade, de me fazer rir quando vc ficava com o rabinho balançando e rodando feito um doido quando via a coleira e sabia que ia passear, ou quando pedia desculpa com a patinha quando fazia xixi no canto da parede.

Obrigada por estar sempre perto pq vc queria, e não pq eu simplesmente chamava. Obrigada por ter sido tão incrível. Mainha te ama, sempre.



sexta-feira, 8 de abril de 2011

Immortalitatem

Deixe a noite ser guia
de uma alma vazia
na ânfora da morte
o guardião dos segredos
não diluídos no tempo
faz meu corpo teu forte
de teu riso e seu trago
faz teu porto meu regaço
e o teu leito meu abraço.

Floruit

Onde há vernáculos sinto receptáculos
e cheiro de morte.
Onde há folhas sinto flores
e sinais de má sorte.
Onde há pele sinto veias e sangue
e tenho saudade de cortes.

Fausto

Sinto cheiro de cinzas cada vez que respiro. Deve ser minha alma virando carvão, e meu coração formando brasas. A vida é agridoce, mas nos faz engolir porcarias como putas de quinta categoria, e o jeito é aceitar.

Meus pensamentos se acumulam e sujam minha mente, o corpo parece querer rachar.
Somos todos tão frágeis como asas de borboleta, e tão sujos como pérolas dadas aos porcos.
E ninguém nunca se importa, só a solidão, que nunca quer te abandonar.

Todo mundo se odeia, o mundo odeia.
O mundo se odeia, todo mundo te odeia.
E ninguém pode fazer porra nenhuma para melhorar isso.
Somos todos ossos, carne e fluidos.
Nosso corpo é uma jaula que só cabe um animal.
Nossa alma é uma jaula, mas que cabem muitos animais.

Quero viver apenas o necessário para ler os livros que eu quiser.

Preciso viver apenas o necessário para ler os livros que eu puder.

Anima mea

Minha mente se eleva e deixa-se levar.
e permanece tão frágil quanto um colorido vitral.
Que a qualquer golpe se torce e estilhaça
E cai em pequeninos grânulos de areia sem cor.

Mas antes, fractais. Que colhem e se encolhem.
Como um coração em criação.
Fragmentos de almas, espelhos em molduras vivas.
Que abrangem e se expandem. Inspiram e expiram.
No labirinto sem saída que corre e escorre.
E assiste a Lua como um grande mural.
Dança e tropega.
Em cacos e restos.
Linhas e caminhos.
Todos presos nesse infinito umbral.

Adora

Gosto dos venenos mais fortes
e dos dias mais nublados.
Das bebidas mais apuradas
e dos livros mais antigos.
Das músicas mais tristes
e dos trabalhos mais pesados.
Do sono mais leve
e das noites mais agitadas.
Dos beijos mais intensos
e dos amantes mais robustos.

Dos dias mais tranquilos
e dos sonhos mais inquietos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Aquel

Te amo do nosso jeito insone e bizarro de amar. Que muitos estranham e ridicularizam, mas nas mesmas armadilhas do insano tendem a também amar.

Te amo calada como quem costura retalhos, e se tu és feito de retalhos, que seja um deles o meu coração.

Te amo como a corda ao enforcado, como um bêbado ao descaso, como coisas que se atraem sem pensar.

Te amo amando teu silêncio, teu calor e o respeito a minha fuga e a minha fúria, que é apenas mais uma forma de amar.

Te amo inquieta como vidro quebrado e cristal facetado, como ervas amargas e venenos em cápsulas.

Te amo afogada em gritos. Como poeira em espiral, tempestade e temporal.

Te amo oblíqua, como frase inacabada, como caderno desfolhado, como tinta indelével.

Te amo inexistindo.