quarta-feira, 31 de março de 2010

Omega

Chega uma hora que as asas se partem. A tentativa do voo é mais uma vez interrompida, e a ferida mais uma vez aberta.
Ficamos a procura do fogo transformador das almas, mas a alma já perdeu a capacidade de combustão. E tudo o que sobra são lágrimas, água, o elemento oposto.
E o todo se resume a um começo e um fim, e a um ciclo interminável. E a consciência do erro, de que tudo podia não dar certo, é quase um castigo. Porém necessário.
Duas feridas juntas não podem se curar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Esconderijo




Vai anjo, sai desse lugar.
Tuas asas não são mais seguras.

Enfrenta o mundo lá fora,
Tenta um dia não chorar mais.

Sente o sangue voltar a teus pés,
E a pele do teu rosto formigar.

Solte gritos e chame seu
demônio de volta às sombras.

Aquele que você cansou de esperar.
Sentar, doer. Chorar e esperar.

Palpitar, sangrar e formigar.
Por teu demônio, anjo.

E tua sombra, amor.
E tudo o que éramos nós dois, meu senhor.

Me faça sangrar, me faça cair.
Só não me faça mais esperar.

Não quero mais esse,
e também nenhum outro lugar.

Nada longe de tí, nem perto demais.
Apenas outro esconderijo, ou qualquer outro lugar.